segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Life of Brian (1979)

Este hilariante filme da equipa Monthy Python é o reflexo de uma das maiores revoluções no humor, não só na história do Cinema, como na sociedade também, e talvez por não se aperceberem disso, tudo neste filme não só agora mas na altura mas também agora, continua fresco, tremendamente divertido, e com rasgos de génio que só grandes comediantes conseguem ter. Um dos filmes que fez despertar o meu gosto pela comédia.

O argumento que transforma a vida de Brian num tormento para o próprio, conta a história dele mesmo que nasce no dia de Natal, ao lado do estábulo de Jesus, sendo constantemente confundido com o "messias" que nasceu nesse mesmo dia. A partir daqui, o carrossel de reboliço que é este argumento vindo da imaginação de Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Michael Palin, e Terry Jones (que realizou o filme), transforma este filme numa das comédias mais fantásticas de sempre.

Não querendo deixar de assinalar a passagem de Terry Jones, um dos maiores génios da comédia de sempre, este filme é talvez o que me mais me marcou não só de Monthy Python, como também como filme de comédia em geral, ombreando apesar de ser um filme dos anos 70, com algumas das melhores comédias que se fizeram bem depois disso, porque o que aqui está, é algo que faz qualquer pedra rir a bom rir.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Jojo Rabbit (2019)

O ponto de partida desta corajosa comédia que relata os acontecimentos de um jovem no exército de Hitler, quando este descobre que a sua mãe esconde uma rapariga Judia em casa é talvez dos pontos de partida com mais risco de dar para o torto, devido ao contexto histórico e à época tenebrosa que a Humanidade viveu por esta altura. Nada que assuste Taika Waititi, que realizou e escreveu um dos argumentos mais arrojados que balança entre o humor e o drama de forma mordaz e consciente.

Apresentar uma sátira que se passa numa época tão negra da História desta forma, é uma demonstração de bravura fantástica, mesmo envolvendo uma das suas mais horríveis figuras em momentos hilariantes, com uma mecânica de envolve nacionalismo, populismo, conceitos simples que ligam humanos a humanos, e a inocência própria de quem ainda acredita que consegue apresentar uma comédia original numa altura em que existem massas cada vez mais intoxicadas por opiniões bacocas, de que não se brinca com isto ou com aquilo. É arte, e ela será sempre provocatória, e a inteligência empregue por Taika Waititi (Hitler), Scarlet Johansson (Rosie), Roman Griffin Davis (Jojo), e Thomasin McKenzie (Elsa), às personagens deste filme prova isso mesmo.

Apesar das enormes pressões que Taika Waititi sofreu para não levar isto até ao fim, não existe aqui nenhum tipo de glorificação a regimes tiranos, e felizmente que o filme viu a luz do dia, e a Academia dos Oscares (à altura desta crónica) reconheceu o nível de excelência desta sátira nomeando o filme para 6 categorias (Melhor Filme, Melhor Atriz Secundária, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Guarda Roupa, Melhor Produção, e Melhor Edição de Imagem). Vejam de espírito aberto uma das melhores comédias de sempre da história do Cinema.



sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Bombshell (2019)

O escândalo sexual da estação Fox News que muita tinta fez correr, deu origem um filme que mostra muito mais do que a luta de um grupo de mulheres contra Roger Ailes, na altura o chefe da estação de notícias mais influente dos Estados Unidos, e a atmosfera tóxica que se viva na redacção do famoso canal. Neste filme de Jay Roach, cujo argumento foi escrito por Charles Randolph, podemos ver e sentir como essa atmosfera pode estar tão intensamente e perigosamente presente em qualquer lado, moldando os jogos de poder, e até a verdade sobre tudo o que lemos, vimos, e ouvimos.

Para dar corpo a esta que foi uma das maiores polémicas de sempre na sociedade Americana, foram chamadas verdadeiras majestades da interpretação: Charlize Theron (Megyn Kelly), Nicole Kidman (Gretchen Carlson), e Margot Robbie (Kayla Pospisil), que se vão ora entrelaçando, ora desenrolando o novelo de uma história que vive do choque, do abuso do poder sobre a figura da Mulher, da corrupção, e da teia de influências montada em torno de uma redacção cujo propósito não seria somente informar. E o filme vive muito desse perigoso cocktail, e das interpretações destas mulheres, que demonstram muito mais do que coragem e emancipação, perante toda a tensão que o filme transmite.

Muitos movimentos feministas surgiram depois deste escândalo, entre correntes de opinião sobre tudo o que passou sobre isto, e este filme veio também no seguimento de toda essa torrente, e é um retrato fiel do tráfico de influências que é gerado em favor de um minoria que pretende controlar a maioria, porque a liberdade de expressão é uma arma ainda muito mal vista na sociedade, perante o medo e o receio dominantes, aliados a um perverso sexismo. Uma bomba sobre igualdade.



domingo, 5 de janeiro de 2020

Bumblebee (2018)

O franchise dos Transformers teve neste "spin-off" a salvação de que procurava à já algum tempo. Começando por quem pegou neste projecto com pouca probabilidade de sucesso, Michael Bay desta vez ficou-se apenas pela produção, solicitando ajuda a Steven Spielberg, que introduz uma injecção de adrenalina no ritmo do filme, um saudosismo típico dos 80's, e todos os pormenores à Spielberg que saltam à vista um pouco por todo o desenrolar do argumento, sem o constante recorrer a CGI e efeitos especiais.

A relação humana entre a adolescente e a máquina B-127, é das coisas mais tocantes feitas nos últimos anos em termos de cinema, sendo que por entre esses momentos de amizade à prova de tudo o que o Universo pudesse atirar contra ambos, existe um sentimento "retro" que os fãs das séries de animação "Transformers" vão com certeza adorar. Talvez não só devido à influência de Spielberg, mas também ao facto do argumento ter sido escrito por uma mulher, Christina Hodson, se possa explicar o porquê da relação entre ambos funcionar tão bem, e também o orgânico brotar de acção que nunca fica presa num determinado momento, em que as lutas dos gigantescos robôs estão mais emocionantes que nunca, aliando deliciosos momentos de comédia à mistura, sendo que não me recordo de ter visto um argumento escrito por mulheres num últimos anos, algo que espero que mude.

Este filme encaixa muito bem no espírito juvenil da década de 80, mas ganha pontos também pela incrível e ecléctica banda sonora, pelo guarda roupa simples mas fulcral da Charlie, e por toda a magia de que é lembrar-mo-nos de como foi ter o primeiro carro. Revi-me bastante na Charlie em variadíssimos momentos, seja devido a referências musicais, seja devido a memórias pessoais, ou seja devido ao facto de ela ser uma representação fiel de parte da minha adolescência. Tudo funciona bem neste filme, e será bem difícil esquecerem o final, provando que o típico elenco de filme de Domingo à tarde cai bem que nem ginjas, provando que por vezes o simples consegue elevar-se a um patamar invulgar de excelência.