sábado, 30 de novembro de 2019

The Irishman (2019)

Crime e drama dançam um tango maravilhoso num salão onde o retrato biográfico de um executor da máfia, é uma retrospectiva cuja viagem mostra uma lustrosa projecção de uma grande história de gangsters, com os condimentos certos que uma grande história de vida deve ter: referências à sua época, diálogos icónicos, e um argumento tão bem afinado como as personagens deste filme, que retrata a corrupção do ponto de vista humano, nunca deixando do lado a tensão e os perigosos novelos da mesma, e que rodeavam este tipo de organizações, desde as mais básicas até às mais altas instâncias.

Escrito por Steven Zaillian, e baseado no livro de Charles Brandt, Martin Scorsese (que realizou e produziu este filme juntamente com Robert De Niro) entrega ao público o "Goodfellas" do século XXI, numa versão 2.0 bem mais refinada cujo contexto histórico não foi esquecido, e esse mesmo contexto histórico mostra bem de perto a ténue linha que separa a política das organizações mafiosas que operavam na sombra. Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci, destacam-se claramente de um elenco de outros (igualmente) excelentes actores que encarnaram de corpo e alma as personagens que desempenharam, nesta trama que transborda abundantemente todos os elementos a que Martin Scorsese habituou o público ao longo dos anos.

É um sinal dos tempos quando são atiradas para plataformas digitais histórias fabulosas como esta (este filme dura 3 horas e 29 minutos), mas isso não retira nada a esta obra, que é sem dúvida um dos melhores filmes do ano. E isso até pode ter beneficiado o filme, pois através da Netflix talvez Scorsese tenha tido espaço para desenvolver esta obra tal e qual como ele a pretendia (e ele já fez vários filmes de gangsters), sem estar limitado àquilo que algum público espera de um filme numa sala de Cinema, ou até mesmo à condensação que algum Cinema hoje em dia exige. Ganharam todos: o Cinema como arte, a plataforma digital que apostou nisto, e claro, nós público por podemos testemunhar mais um grande filme de Martin Scorsese.



segunda-feira, 25 de novembro de 2019

The Hobbit: The Battle of the Five Armies (2014)

O derradeiro capítulo da saga de Bilbo Baggins e companhia, é um ciclo que encerra uma era de Cinema em que tivemos de volta um pouco daquilo que foi o Lord of The Rings, sem ser exactamente isso, pois esta saga teve uma alma própria que viveu muito das personagens que rodearam o Hobbit, e que culminou na época batalha dos 5 exércitos que Peter Jackson tão brilhantemente reproduziu com a sua equipa que trabalhou afincadamente neste projecto.

Este filme não sendo maior do que se esperava, tem todos os condimentos que os fãs da obra de J.R.R. Tolkien podem esperar, com emoções no limite, grandes cenas de batalha, diálogos condizentes com a dimensão de um projecto desta envergadura, e um argumento adaptado às necessidades do filme, que contou novamente com o grandioso elenco dos anteriores filmes da saga Hobbit, e alguns que também estiveram no Lord of the Rings.

Peter Jackson já tinha ganho um estatuto difícil de destronar com o Lord of The Rings, e com esta saga de "The Hobbit", prova mais uma vez que é um realizador perfeito para qualquer tipo de projecto megalómano que necessite de uma apurada construção, tempo para crescer no público, e sobretudo conseguir adaptar universos tremendos cheios de características, que fazem qualquer um ficar deslumbrado com o que vai assistir. Não sendo uma saga perfeita como Lord of The Rings, The Hobbit é sem dúvida um excelente complemento.



domingo, 24 de novembro de 2019

The Hobbit: The Desolation of Smaug (2013)

O segundo capítulo da viagem de Bilbo Baggins, os duendes liderados por Thorin, e Gandalf O Cinzento, é uma demanda por acção em relação ao filme anterior de The Hobbit, em que a fantasia e os elementos mais característicos da obra de J.R.R. Tolkien que vieram a dar corpo mais tarde ao The Lord of The Rings, estão claramente a sair da sombra e a tomar formas de contornos mais épicos.

Peter Jackson manteve a sua equipa de argumentistas, e isso permitiu uma orgânica exploração da obra sem grandes sobressaltos, e isso nota-se durante durante todo o filme, em que um dos muitos pontos altos, é o dragão Smaug. Nunca na história do Cinema se conseguiu criar um dragão com tamanha personalidade e imponência, dragão que teve como voz Benedict Cumberbatch, sendo que o elenco do anterior filme aparece muito mais unido neste segundo capítulo. Neste segundo filme aparecem igualmente algumas personagens novas como Tauriel interpretada por Evangeline Lilly (foi com este filme que descobri esta maravilhosa actriz), Bard interpretado por Luke Evans, entre outras surpresas. 

A Desolação de Smaug é Tolkien em estado puro, um tesouro para qualquer fã da obra The Hobbit, e abre claramente o apetite para a última jornada, sendo que para já a grande riqueza deste segundo filme foi dissipar algumas dúvidas do público em torno do projecto em relação ao primeiro filme (se é que elas existiam eventualmente). Inquestionavelmente fascinante.


sábado, 23 de novembro de 2019

The Hobbit: An Unexpected Journey (2012)

Este é o primeiro capítulo de uma saga um pouco mal amada pela crítica, e também por algum público. Sinceramente, não entendo o porquê, porque muito do que está neste filme, é um excelente ponto de partida para o prato principal que foi "Lord of The Rings", e quem conhece a obra de J.R.R. Tolkien, sabe o quanto ""The Hobbit" é um conto importante no desenvolvimento deste universo.

Bilbo Baggins, um relutante Hobbit que tem uma vida pacífica no Shire, junta-se a um grupo de Duendes na sua aventura em direcção à Montanha Solitária, no sentido de reclamar de novo o seu lar, e o ouro de gerações anteriores, das garras do dragão Smaug. Mais uma vez chamaram Peter Jackson para realizar 3 novos filmes, baseados nesta demanda que contou na escrita do argumento com Fran Walsh, Philippa Boyens, e Guillermo del Toro para além do próprio Peter Jackson. De volta também está Ian McKellen no papel de Gandalf, Andy Serkis no papel de Gollum, entre outras surpresas que estão presentes no decorrer do filme.

Aventura, fantasia, e momentos épicos de acção esperam o espectador nesta inesperada viagem, cujo andamento vai ficando mais interessante à medida que o filme vai avançando, dando igualmente uma outra dimensão a personagens que não tiveram espaço para crescer no Lord of the Rings. Martin Freeman como Bilbo Baggins, e Richard Armitage como Thorin, são igualmente as grandes atracções em termos de representação desta película que é muito mais do que simplesmente espremer uma laranja. É o início de uma grande história, que tem na minha opinião, uma grande canção também: Misty Mountains (Cold).



domingo, 17 de novembro de 2019

The Lord of the Rings: The Return of the King (2003)

O último capítulo que viria a consagrar Lord of The Rings como a melhor saga de Cinema de todos os tempos, apresenta Gandalf e Aragon como líderes do mundo dos Homens contra o exército de Sauron, isto tudo a acontecer à medida que os hobbits Frodo e Sam se aproximam do Monte Doom com o Anel. Mais uma vez, Peter Jackson e a sua incansável equipa, conseguiram uma adaptação o mais fiel possível da obra de J.R.R. Tolkien, num apogeu digno de reconhecimento como um enorme filme, que alia fantasia à mais destemida de todas as aventuras.

Com um elenco que se adaptou de forma ideal a estas personagens, as estonteantes 4 horas de filme (estou a falar do extended cut) são uma delícia para qualquer amante de Cinema, com momentos de conclusão que nos fazem render todos os elogios que podemos dar a uma obra com esta envergadura, que levou 11, repito, 11 Oscares numa só noite para casa (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Edição, Melhor Cenário, Melhor Guarda Roupa, Melhor Maquilhagem, Melhor Banda Sonora, Melhor Canção, Melhor Mistura de Som, e Melhores Efeitos Especiais), recorde que ainda hoje detém, e que é o culminante reconhecimento da grandiosa saga que Peter Jackson realizou, e escreveu com a sua equipa de argumentistas (Fran Walsh e Philippa Boyens), sendo que ajudou também a fazer chegar ao grande público a obra de J.R.R. Tolkien.

Esta conclusão é um triunfante colosso de Cinema no seu estado mais apoteótico, em que todas as estrelas neste Universo estão alinhadas de forma a que o espectador não tenha um um único momento em que pisque o olho para perder a acção, entre grandes batalhas, diálogos incríveis, cenários estonteantes, e momentos de cortar a respiração. É reconhecido como um dos melhores filmes de todos os tempos, e ainda bem, não só pelo público como pela crítica, sendo que arrebatou muitos outros prémios em festivais de Cinema por onde passou. Um obra obrigatória para qualquer amante da sétima arte, e um dos meus filmes de eleição de sempre. Perfeito.



sábado, 16 de novembro de 2019

The Lord of the Rings: The Two Towers (2002)

A fasquia e excitação para o segundo episódio desta aventura estava elevada depois do primeiro filme, e Peter Jackson juntamente com a sua brilhante equipa mantiveram muita da magia e emoção vindas do primeiro episódio intactas para este segundo capitulo da saga, em que os Hobbits Frodo e Sam com a ajuda do manhoso Gollum, continuam a sua determinada e arriscada viagem até Mordor, enquanto a restante Irmandade se organiza para combater o novo aliado de Sauron, o feiticeiro Saruman e as hordas de Isengard.

Todo o elenco do primeiro filme se manteve, sendo que mais algum foi acrescentado para esta continuação de onde destaco Miranda Otto, Karl Urban, David Wenham, e Bernard Hill. Emoções fantásticas, criaturas místicas, diálogos perfeitos, tragédias, e momentos de batalha épicos coexistem lado a lado numa brilhante epopeia, mais uma vez, adaptada de forma extraordinária, e que por certo agradará quer aos fãs que já estão familiarizados com a obra de J.R.R. Tolkien, quer aqueles que ainda não a conhecem, ou nem conhecem o primeiro filme (se é que isto é possível).

Vencedor de dois Oscares para Melhores Efeitos Especiais, e Melhor Edição de Som (já agora, a banda sonora é excelente), é um filme que começa a ganhar um lado mais negro e bélico em relação ao primeiro capítulo, em que as personagens navegam por águas mais agitadas, cujas visões são mais negras em relação ao seu próprio futuro, e em que tudo começa a ser questionado à medida que a trama avança. No fundo, este filme é a continuação da aventura que elevou o Cinema de fantasia a níveis épicos difíceis de atingir. Uma verdadeira epopeia cuja jornada de emoções tremendas que esperam o espectador, abre caminho para o grande desfecho, sendo que esta continuação também é, na minha opinião, um dos melhores filmes de sempre.



sexta-feira, 15 de novembro de 2019

The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring (2001)

A obra prima da literatura de J.R.R. Tolkien, que se veio a tornar igualmente a obra prima cinematográfica do realizador Peter Jackson, revolucionou de forma colossal o Cinema de fantasia, e levou a palavra aventura a níveis nunca dantes explorados por um cineasta ao adaptar uma obra desta envergadura ao grande ecrã. Este filme é a primeira parte de uma saga que salivava por glória, e mal imaginava eu na altura que saí da sala de Cinema, que essa mesma glória lhe seria reconhecida merecidamente (e nós Cinéfilos sabemos que nem sempre assim é).

Esta história de irmandade, coragem, paixão e determinação, conta-nos o começo da viagem de Frodo, um anão do Shire, que juntamente com os seus oito companheiros têm como missão destruir um todo poderoso anel, salvando a Terra Média do Senhor Negro Sauron. Esta primeira parte da jornada cinematográfica que é Lord of The Rings, é apenas a ponta de um enorme icebergue de proporções épicas, cujo drama e acção são de uma dimensão tais, que arrisco a dizer, poucas vezes foram conseguidas adaptações tão perfeitas do livro ao Cinema (e esta foi das mais complexas, devido ao enorme mundo que J.R.R. Tolkien construiu para servir de base a esta epopeia).

Contando com um argumento escrito por Fran Walsh, Philippa Boyens, e pelo próprio Peter Jackson, e também com um elenco de luxo composto por Sean Bean, Cate Blanchett, Orlando Bloom, Christopher Lee, Andy Serkis, Ian McKellen, Viggo Mortensen, Liv Tyler, Elijah Wood, entre outros, este começo fulgurante da perigosa jornada desta irmandade, transporta o espectador para mundos que tanto podem ser de sonho como de pesadelo, sendo que as personagens tanto são estranhas como fascinantes, e essa é talvez a grande magia desta saga: o fascínio que ela desperta em cada um de nós, não só amantes de Cinema, mas também amantes de uma extraordinária aventura que nos leva para outros mundos bem distantes daqui. Este primeiro capítulo da saga levou 4 Oscares para o Shire (Melhor Cinematografia, Melhor Maquilhagem, Melhor Banda Sonora Original, e Melhores Efeitos Especiais). Um dos melhores filmes de sempre.



sábado, 9 de novembro de 2019

Coraline (2009)

Henry Selick que realizou Nightmare Before Christmas, voltou a realizar um filme de animação que me surpreendeu pela positiva, num tom um pouco mais leve, mas com técnicas de animação mais afinadas. Coraline é a história de uma menina de 11 anos que através de uma porta secreta, descobre um mundo que vai de encontro aos seus desejos, mas mal ela sabe que esse mundo esconde segredos sinistros.

A fantasia deste filme é tão estranha como intrigante, e o espectador imediatamente repara nas influências não directas de Tim Burton, numa trama que vai cozinhando lentamente em lume brando, sem avanços bruscos ou desnecessários, sendo que Henry Selick que escreveu o argumento baseado no livro de Neil Gaiman, teceu um conto visualmente impressionante, com tonalidades mais cinzentas aqui e acolá, e com o colorido necessário em outros pontos em que a acção avança de forma suave.

Contando com as vozes de Dakota Fanning, Teri Hatcher, John Hodgman, entre outros, e nomeado para os Oscares na categoria de Melhor Filme de Animação, Coraline é um conto sobre ter cuidado com o que se deseja, porque o mundo vive de aparências, e as aparências iludem muito. É preciso ver para crer.



sábado, 2 de novembro de 2019

Halloween (2018)

Fez no passado dia 31 de Outubro, 1 ano desde que assisti a esta continuação de Halloween, que estreou em 2018, continuando a história de Laurie Strode que confronta o maior de todos os seus medos: o aguardado regresso depois de largos anos de Michael Myers, o mascarado que assombrou a sua casa na noite de Halloween exactamente à 40 anos atrás.

Este filme não vive só à volta do saudosismo próprio de uma espécie de "remake", que não o é, mas vive muito da essência dos 2 primeiros filmes da saga, onde estão a referências mais importantes deste franchise, onde agora ao final de décadas foi feita uma continuação à altura do nível desta saga, criada por John Carpenter (que também participou na escrita deste argumento). David Gordon Green encarregou-se da realização de um conto de terror em que vemos Michael Myers (o mal absoluto) mais contundente que nunca, uma Jamie Lee Curtis que não perdeu a sua Laurie Strode num beco qualquer, e em que temos todo o ambiente de cortar à faca de um bom velho "slasher" que na verdade criou todo os "slashers" que vieram a seguir.

Mais do que um filme óptimo para ver no Halloween (ou em qualquer outra altura no escuro), é a devolução da credibilidade a esta saga, com elementos tão simples como eficazes, e que em suma, resultam num filme de terror que voltaremos a ver com agradado tal como os 2 primeiros. A banda sonora original presente no filme, continua arrepiante 40 anos depois.